Ansiedade

O que preciso saber sobre ansiedade?

Quem nunca se sentiu ansioso antes de uma prova ou um primeiro encontro? Quem nunca sentiu as famosas “borboletas no estômago”? A ansiedade é uma função absolutamente normal do psíquico e é responsável por funções importantes na evolução do ser humano. É justamente ela que faz com que tenhamos medo, com que sejamos capazes de prever algum tipo de risco e tomemos providências, nos mobilizemos.

 Em diferentes situações nos permite melhorar nosso desempenho, aumentando a capacidade de concentração e reduzindo momentaneamente a necessidade de sono e fome. Muitos já passaram pela experiência de precisar estudar ou trabalhar por horas a fio, para cumprir prazos apertados, entregar trabalhos “para ontem” ou fazer provas. Nestas situações, a ansiedade nos torna capazes de passar noites em claro, ter pouca ou nenhuma necessidade de comer e de nos focarmos quase que exclusivamente na tarefa a ser feita.

 O problema começa quando essa ansiedade, até então benéfica e produtiva, atinge níveis prejudiciais e paralisantes, passando a ser um obstáculo. Surgem pensamentos de incapacidade, de impossibilidade de cumprir tarefas. A capacidade de foco se esvai e os mais diminutos estímulos passam a ser suficientes para que o “fio da meada” se perca. Medos e inseguranças, dos mais variados tipos, invadem a mente e põem em xeque toda a autoconfiança até então existente.

Todos nós temos diferentes níveis de ansiedade como característica pessoal e, quanto mais ansiosa for a pessoa, maior é a chance de que um transtorno se desenvolva. Situações estressantes podem funcionar como gatilho, tais como dificuldades financeiras, perda do trabalho, problemas familiares e doenças, porém, nem sempre é possível identificar quais são estes fatores.

A ansiedade é uma importante causa de incapacidade no mundo, considerando o sofrimento gerado. Os transtornos são bastante comuns afetando por volta de 28% das pessoas ao longo da vida. Logo, são sim bastante estudados.

Ansiedade: um termo para diversas doenças


A ansiedade tem diversas facetas e o termo “transtorno de ansiedade” é, na verdade, um nome genérico para uma vasta gama de doenças, cada qual com uma predominância de sintomas e peculiaridades próprias. Podemos citar o transtorno (ou síndrome) de pânico, transtorno de ansiedade generalizada, fobias sociais e específicas, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático e a grande diferença entre essas doenças está em como a ansiedade se manifesta.

A fobia social, por exemplo, caracteriza-se pelo medo intenso de se expor em público, o TOC faz com que a pessoa tenha pensamentos obsessivos e realize compulsivamente ações que prejudicam sua rotina e sua vida.

 Dentre eles, o Transtorno de Pânico é o mais conhecido e o mais prevalente. Caracteriza-se por crises em que surgem repentinamente uma série de sintomas físicos (taquicardia, sudorese, tremor, aumento da pressão arterial, formigamento dos membros, cefaléia e tontura, dentre outros), associados a uma sensação de morte iminente. Normalmente, a crise por si só é inofensiva e auto-limitada, isto é, melhora sozinha. A doença se caracteriza pela repetição destes episódios, que podem ocorrer a qualquer momento e em qualquer lugar, não havendo necessariamente uma situação deflagradora, porém, o paciente limita progressivamente seu repertório de vida na tentativa de evitá-los.

Diagnóstico & Tratamento


O grande problema dos transtornos de ansiedade é o sofrimento e limitações que trazem aos pacientes. Não surpreende o fato de que a depressão seja a comorbidade que mais se associa aos transtornos de ansiedade, não só pelo sofrimento em si, mas também por compartilhar de bases fisiopatológicas semelhantes. Tais transtornos podem estar associados ao desenvolvimento de diversos problemas físicos, como enxaqueca, problemas gastrointestinais, dermatológicos e autoimunes.

O diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde mental (psicólogo, psiquiatra, neuro), através de um exame clínico detalhado, não considerando apenas exames laboratoriais comprobatórios (importantes para excluírem outras doenças, tais como alterações na tireóide ou do ritmo cardíaco). O tratamento medicamentoso é baseado primordialmente no uso de antidepressivos no entanto é essencial estar associado a psicoterapia.

Outras medidas também exercem papel fundamental no controle dos sintomas, em especial exercícios físicos, meditação, atividades físicas e mudança no estilo de vida.

O tabu sobre distúrbios psiquiátricos ainda compromete a busca por ajuda. Quanto maior a demora para iniciar o tratamento, maior a dificuldade para contornar a situação.

O tratamento é feito no intuito de reduzir ao máximo os riscos de crises e acentuação dos sintomas, o que por si só já é ótimo para o paciente. Contudo, um tratamento bem feito não é o suficiente, já que há outros fatores envolvidos, como predisposição genética e estilo de vida. “Uma pessoa pode fazer um tratamento bem feito e apresentar outros episódios ao longo da vida. O tratamento diminui a chance disso acontecer, mas, novamente, não pode ser considerado uma cura.

Mas ... Ansiedade tem cura? 

Não dá para dizer que tem cura. O prognóstico é bastante variável. Há pacientes que fazem tratamento por um tempo e não voltam a ter o quadro novamente, há pacientes que têm vários episódios na vida e há pessoas que precisam fazer uso contínuo de medicamentos. Quando uma pessoa está assintomática, com ou sem o uso de medicação, dizemos que ela está em remissão do quadro, mas não curada.

Bom, percebemos que  é possível do paciente aprender a lidar com a situação e desenvolver um controle total, em que não é mais afetado.

Para aliviar os sintomas da ansiedade e chegar à remissão do transtorno o ideal é que suas causas sejam tratadas por meio da psicoterapia. Em alguns casos, o uso de medicamentos é necessário. Entretanto, eles não são suficientes para resolver a condição do paciente. Afinal, remédios tratam apenas os sintomas, mas não afetam a raiz do comportamento ansioso.

Os remédios a serem utilizados e o período de tratamento dependem de cada caso, e isso deve ser analisado pelo médico psiquiatra. O período em que o paciente precisa ficar em terapia também vai depender de cada situação e a pessoa mais indicada para definir isso é o psicólogo.

Via de regra, a terapia é imprescindível.  Ao longo das sessões, o sujeito aprende como o transtorno age dentro dele e passa a reconhecer os gatilhos para crises. A ideia também é estimular mecanismos internos de resiliência. Técnicas de relaxamento, meditação, atividade física e outras práticas podem complementar o tratamento.

Não precisa ter vergonha de pedir ajuda. Organizando melhor a vida, é possível conviver com a ansiedade numa boa.


TIPOS DE TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

DICAS PARA VENCER A ANSIEDADE


A ansiedade, como sentimento, pode ser controlada se incorporamos alguns hábitos na nossa rotina, identificando alguns gatilhos que a desencadeiam e lidando com eles de forma a mitigar os danos do estado ansioso prolongado.

As dicas a seguir vão ajudar você bastante nisso. Algumas delas parecem ser bem óbvias, mas costumamos não nos dar conta delas quando ansiosos. Portanto, leia com atenção cada uma das dicas e tente incorporá-las no seu dia a dia, tanto evitar e amenizar a ansiedade quanto para não deixá-la tomar proporções maiores.


1. Procure organizar sua rotina diariamente

A organização é a maior inimiga da ansiedade. Quando deixamos tudo organizado, sabendo exatamente o que temos de executar e onde procurar, tudo fica mais tranquilo. Caso contrário, você vai se sentir no meio de uma pilha de coisas para fazer que podem tomar proporções assustadoras, muito maiores do que realmente são. Procure colocar as coisas num papel ou cronograma para enxergar o tamanho real de seus afazeres.

 Também é importante salientar que ser organizado não é querer que o mundo caiba na sua agenda. Imprevistos acontecem e você deve saber lidar com eles. Ser organizado não é ser controlador, busque conhecimento para contornar obstáculos que estão fora do seu controle.


2. Invista no autoconhecimento

Somos muito parecidos em muitas coisas, mas cada pessoa tem sua própria maneira de pensar e agir. Portanto, conhecer-se é fundamental. Não se espelhe nos outros para saber o que fazer. Olhe para si mesmo e aprenda sua própria maneira de reagir e lidar com as coisas.

Assim, também é um bom método de encontrar quais são os seus gatilhos para ansiedade, ou seja, aquelas situações que podem indicar um estado ansioso. Dessa forma, você vai poder contornar essas situações com mais experiência e mudar alguns hábitos em prol disso.


3. Procure entender seus pensamentos e sentimentos

Conversar consigo mesmo é um bom exercício. Sempre que sentir algo, procure entender o que originou aquele sentimento ou pensamento, para identificar quais as coisas relacionadas com tal estado emocional.

Entretanto, não fique se cobrando ou questionando o tempo todo sobre o que está sentindo, para não racionalizar demais as emoções. Deve haver um equilíbrio entre querer se entender e se questionar.


4. Aprenda e controle a sua própria respiração

A respiração é um dos pontos mais importantes quando falamos de ansiedade. O controle da respiração tem a capacidade de induzir ou acabar com uma crise de ansiedade, de tão poderosa que é. Portanto, ao sentir que está em um ritmo respiratório muito acelerado, procure reduzir a intensidade da respiração, puxando-a para o abdômen e tirando aquela pressão de ar do peito. Inspire e respire profundamente, para conectar-se consigo mesmo e não se deixar levar pelo estado ansioso.


5. Desconfie de seus pensamentos negativos

Geralmente, a ansiedade traz consigo uma série de pensamentos negativos, de que as coisas vão dar errado e que o pior vai acontecer, mas muitas vezes, são só suposições superestimadas do próprio medo.

Quando os pensamentos negativos invadirem a sua cabeça, desconfie deles e coloque-os na possibilidade real, sem ficar confabulando sobre o que poderá ser ou poderia ter sido.

 

6. Não se exija tanto assim

Ainda na linha das percepções sobre si mesmo, tome cuidado para não se cobrar demais. Cada um de nós possui um tempo próprio de desenvolvimento pessoal. É importante sim estarmos atentos às nossas atitudes e nos cobrarmos certas posturas de vez em quando, mas noutros momentos, é preciso relaxar, aceitar quem somos e onde estamos e entendermos que aquela situação vai passar e que você está fazendo o suficiente para isso. Não se cobre tanto, apenas aja em prol de você mesmo.

 

7. Tome uma bebida relaxante e cuidado com as estimulantes

O café é bom para dar energia e um impulso extra pela manhã, aumentando o foco. Mas tomar café demais é prejudicial, pois é uma bebida que alimenta diretamente a ansiedade. Depois de certa hora, procure substituir o café por um chá de capim-cidreira, camomila ou erva-doce. É um hábito que vai fazer muito bem à sua saúde mental, promovendo mais relaxamento.

 

8. Atenção especial à alimentação

Não é difícil que pessoas ansiosas encontrem na comida o refúgio para a sua ansiedade, em busca de um prazer imediato para alívio da tensão, até porque isso é científico, já que alimentos doces e ricos em gordura liberam triptofano, essencial para o trabalho da serotonina – hormônio da satisfação.

No entanto, existem alimentos muito mais saudáveis com altas doses de triptofano, como peixes ricos em ômega-3, oleaginosas (especialmente a Castanha-do-Pará, ovos e até mesmo chocolate amargo. Que tal substituir?


9. Não esqueça das atividades físicas

Encontre a sua atividade física preferida e pratique-a para aumentar a saúde do seu corpo e o seu bem-estar. Os exercícios ajudam no controle da ansiedade, pois auxiliam na liberação da tensão acumulada, proporcionando mais relaxamento e ritmos cardíacos mais brandos na hora de repouso.

 Pode ser caminhada, corrida, natação, academia, em casa ou ao ar livre: o importante é eleger uma atividade que você possa fazer por três vezes na semana. Os benefícios são gigantescos!

 

10. Encontre um hobby ou uma atividade prazerosa

Precisamos ter atividades que nos tragam relaxamento e interesse e uma dessas atividades pode vir através dos hobbies. Hoje, é possível encontrar e se aprofundar em uma série de hobbies através de vídeos no YouTube e grupos de discussão sobre o tema em diversos meios. Ache a sua atividade preferida e dedique-se a ela no seu tempo livre!

Caso ainda não tenha encontrado a sua, separe algum momento do dia ou da semana para fazer algo que você goste muito. Esse momento de relaxamento consigo mesmo é extremamente valioso.

 

11. Afaste-se, quando possível de atividades ansiogênicas

Existem certas atividades que geram muita ansiedade na gente e podemos evitá-las ou encontrar novas maneiras de fazê-la, mitigando seus malefícios à saúde emocional. Busque prestar atenção em quais atividades contribuem para isso e evite-as ou remodele-as.

 

12. Pratique mindfulness para estar mais presente

Uma das principais características da ansiedade é pensar demais no futuro, fazendo todas as atividades do presente pensando lá na frente.  Para controlar isso, o mindfulness pode te ajudar.

Para praticar, basta realizar certas atividades sentindo o seu corpo, respiração e estado emocional, atento exatamente ao presente. Toda vez que sua mente tentar viajar para o futuro, traga-a de volta através das sensações do presente. É libertador!

 

13. Valorize os afetos e afaste-se de quem faz mal

A nossa rede de apoio é fundamental para o controle da ansiedade e também no tratamento de qualquer transtorno mental. Ter com quem contar, sejam amigos ou parentes, fortalecer laços e vínculos e valorizar quem está perto é muito importante.

 Igualmente importante é afastar-se de pessoas muito ansiosas ou negativas, que podem influenciar diretamente no seu estado emocional. Pode parecer duro no começo, mas esse afastamento fará bem na sua busca pelo controle da ansiedade e na sua saúde mental.


14. Cuidado com álcool, tabaco e maconha

Todas essas substâncias são prejudiciais quando consumidas em excesso. Apesar de que todas elas parecem induzir a pessoa a um estado de relaxamento momentâneo, não demora muito para os efeitos contrários aparecerem.

O álcool pode deixar você eufórico e depois relaxado, mas essa sensação passa junto com a bebedeira e, no dia seguinte, a ansiedade pode ser bastante grande. O mesmo acontece com a maconha, que apesar de induzir a um relaxamento, pode desencadear, inclusive, crises de ansiedade e pânico, piorando o quadro ansioso ao longo do tempo.

 

15. Jamais negligencie o seu sono

 São muitas as pessoas que deixam o seu sono em segundo plano, como algo não muito importante. O resultado são dias mais cansativos e ansiosos, em um ciclo que repete-se frequentemente.

Para colocar seu sono em dia, procure incorporar o hábito da higiene do sono, que pode ser comparado com o hábito de escovar os dentes. Você o faz porque é necessário, para ficar com um bom hálito e não ter cáries. Com o sono é a mesma coisa.

 Organize suas horas de sono, deixe seu quarto confortável, de preferência escuro e silencioso para dormir, evitando consumir muitos alimentos ou realizar atividades físicas logo antes de dormir. Também não assistir televisão e não levar o celular para cama é um excelente hábito.

Com isso, ao longo do tempo, as suas noites de sono vão ficando mais proveitosas e você se sente mais disposto e preparado para o dia seguinte, evitando aquela sensação de cansaço constante presente.

 

Se você está se sentindo ansioso demais e não sabe bem ao certo o que fazer para aplacar esse sentimento, um psiquiatra ou um psicólogo serão seus melhores amigos neste momento. Não deixe de procurá-los. É possível sim controlar a sua ansiedade. Não se desespere. O controle da ansiedade é possível através da mudança de pequenos hábitos que, somados, resultam em um benefício maior. Há casos, no entanto, em que o psiquiatra é requerido, a fim de agir de modo a mitigar os primeiros sintomas paralisantes da ansiedade e trabalhar as outras questões com o paciente ao longo do tempo.


REFERÊNCIAS

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS):https://www.who.int/whr/2001/en/whr01_po.pdf

https://psiquiatriapaulista.com.br/17-dicas-de-como-controlar-a-ansiedade/